quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

A minha esperança é o Lucas [por Alexandre Bortolini]

 


Se a Karol não é militante a FlordeLis tb não é crente. Melhor a gente assumir os B.O.

Anos 90, a militância assumiu o formato 3o setor. CNPJ. ONG. Financiamento público pra fazer o trabalho do Estado, financiamento privado como marketing social.
Anos 2000, a militância foi formatada pelas políticas de partipação social. Conselhos, conferências, planos. Tudo muito institucional, governamental, estatal.
Anos 2010, foi a vez das redes sociais. Influencers, likes e ativismo radical modulado pelos algoritmos do zuckerberg.
No início de cada "era", nós nos empolgamos com o potencial desses novos formatos. Com o tempo, foram ficando evidentes os seus limites e, pior, os seus efeitos perversos. Por trás de tudo, capitalismo e estado modulando nossa prática política.

A militância q se tornou hegemônica pós-2013 se construiu justamente nesse lugar da superioridade moral e da agressividade como modo de ação em oposição a uma prática pedagógica, ao diálogo e à negociação. Milhões de fatores explicam pq isso aconteceu, da falência da política de coalizão petista até o modelo de negócio das redes sociais. A conta chegou. E agora estamos pagando o preço da arrogância, do isolamento e da (nossa própria) hipocrisia.




Jaque já perdeu 5 milhões. Outras pretes tão se queimando. Pro Lucas isso já é um trauma (q eu espero se alivie com a vitoria). Já o prejuízo para a militância antirracista, feminista e lgbt esse vai ser considerável. Tanto direita qto esquerda tem agora um balde de material pra nos atacar. Mais uma derrota na disputa cultural q a gente já vem perdendo. E em rede nacional. Os conservadores vão festejar o vexame das comunistas. E na esquerda vai crescer o ranço contra movimentos q já vem servindo de bode expiatório pras nossas derrotas. Uma esquerda q prefere culpar jovens de internet do q os caciques q fizeram as negociatas q nos trouxeram até aqui. E insiste em nao entender que travesti, preta e sapatao nao faz política identitária, faz Política, com P maísculo.

"Não esperem de nós um espetáculo, não esperem que falemos apenas de racismo, de LGBT, de mulheres, eu estou aqui para falar de educação, de transporte, de saúde, de direitos, por uma São Paulo que seja boa para todes." Erika Hilton Vereadora de São Paulo e mulher mais votada na eleição municipal de 2020

Assim como a gente insiste em não confrontar os nossos equívocos, nossas falas prontas, nossa incapacidade pro diálogo, nossa táticas autofagistas. A rejeição ao militante dono da verdade, dedo na cara, que só fala o discurso da sua bolha, não escuta e nao se comunica, q é mais estética do q prática, que quer q todo mundo aprenda, mas não é obrigada a ensinar não é invenção do BBB. Ela já tava aí faz tempo [e sim, ela ajudou a eleger o Bolsonaro]. A Globo só armou o circo e monetizou o espetáculo. Não é só o pt que precisa de autoKrítiKa (com K mesmo). Nós também. Precisamos nos reinventar. E urgente. Minha maior esperança nesse momento é o Lucas. Que ele acorde e nos acorde desse sonho medonho e desabroche o poeta revolucionário que ele é nos (re)ensine com seu verso um jeito pé-no-chão-e-no-sonho de fazer política.